Professores aldeenses realizam curso de Braille

O Serviço de Formação Continuada da Secretaria Municipal de Educação de São Pedro da Aldeia (SEMED) começou nessa quinta-feira, dia 16, o primeiro curso sobre as Técnicas de Leitura e Escrita no Sistema Braille para professores que atuam na Rede Municipal aldeense.

O curso é semipresencial, sendo 44 horas presenciais e 6h de atividades individuais, com carga horária total de 50h. Somente os professores que participarem de mais de 80% das aulas presenciais terão direito a certificado. A professora da turma, Marília Ramos Pereira, é cega e atua no NESPE – Núcleo de Educação Especial Pedro Paulo de Andrade – com uma turma de alunos cegos. Ela é Graduada e Pós-Graduada em Língua Portuguesa, com especialização na área de Deficiência visual, pelo Instituto Benjamin Constant. Ela explica que a oferta do curso pela Prefeitura aldeense pode ser considerada o primeiro grande passo para promover uma real inclusão dos alunos com essa deficiência, mas que não pode ser encarada como fim.

foto: Anneliese Lobo
- “Muito ainda precisa ser feito para de fato incluir os alunos cegos na sociedade. Não é apenas passar técnicas em braille para professores que vamos resolver todos os problemas do cego. Precisamos falar sobre o respeito e o relacionamento com pessoas cegas e, principalmente, ofertar cursos de orientação e mobilidade para o cego, pois ele também precisa estar apto para usufruir dos direitos que lhes são dados com a inclusão”, conta a professora que logo no primeiro encontro falou sobre relacionamento, atitudes éticas, preconceito e outras questões que envolvem o universo do cego. “Não pense no que você pode fazer pelo cego, pense ao contrário, que tal participação será sempre importante para a emancipação do cego brasileiro“, alerta.

A grande procura foi um fator que surpreendeu a todos. A turma, que deveria ter 20 alunos, fechou com 25 inscritos e uma vasta fila de espera. A diretora do NESPE, professora Luciana Soares, atribui o evento a grande divulgação feita pela Secretaria de Educação. “A Secretária de Educação, professora Alanna Frare, tem falado bastante, em todos os encontros, sobre a necessidade do profissional se preparar e tem trazido palestras, cursos e oficinas sobre Inclusão. O próprio trabalho do Ministério da Educação (MEC) alertando para o tema, toda essa união de forças, tem propiciado que o profissional se conscientize para essa realidade”, comenta.

A primeira aula foi bastante produtiva e todos os professores tiveram que montar o seu próprio material – o Alfa Braille. Esse instrumento pedagógico é utilizado para iniciantes em alfabetização em Braille. Ele reproduz, em escala ampliada, a formação da cela Braille e é composto por base e seis “botões”, sendo que um dos lados tem textura mais áspera. O Sistema Braille é formado por “Pontos” em relevo que, por meio de arranjos combinatórios, dão origem às letras do Alfabeto. Existem alguns instrumentos para produzir essa “escrita pontográfica” e torná-la legível ao tato. A professora Jamilce Cádimo, da E. M. José Teixeira Paulo, passou pelo “teste” e soube mostrar com agilidade todos os pontos e já algumas letras apresentadas pela professora Marília. Ela conta que sempre busca informações para capacitá-la a trabalhar de forma a incluir todos os alunos. “Já realizei um curso que falava sobre Educação Inclusiva e participo de todas as palestras sobre o assunto. Acho bastante válido o esforço da Prefeitura para investir na Inclusão e espero que esse trabalho tenha continuidade”, comenta a professora.

O próximo encontro será no dia 23, quinta-feira, na Casa do Educador Professora Ismênia Trindade dos Santos, na Av. São Pedro, s/nº (próximo à Rodoviária).

Créditos à PMSPA

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